O Goiás é uma das sensações deste Campeonato Brasileiro com uma receita que fecha a porta para empresários e onde nenhum jogador ganha mais do que R$ 50 mil mensais. E com uma aposta na base que fez as finanças do clube serem um oásis de bons números no lugar do caos de seus concorrentes.
Em 2014, segundo o balaço da equipe do Centro-Oeste, a agremiação teve um lucro superior a R$ 15 milhões, fruto principalmente da diminuição nos gastos com salários, que foram de R$ 37 milhões em 2013 para R$ 21,6 milhões no ano passado.
“Nós pegamos o time há 15 meses em situação de penúria, tínhamos feitos vários adiantamentos junto à televisão. Nós deveríamos receber por volta de 2 milhões e meio por mês, estávamos ganhando 1,4 milhao por mês. Nossa folha salarial era de R$ 2,4 milhões, e tínhamos um déficit de quase R$ 500 mil reais por mês”, conta Sérgio Rassi, presidente do time esmeraldino aoESPN.com.br.
Para piorar a situação, o clube está sem patrocínio master na camisa desde maio do ano passado e viu as dívidas trabalhistas cada vez maiores. “A única medida que nos sobrou foi austeridade e contenção de despesas. Imediatamente começamos a promover os garotos da base, não fizemos mais nenhuma contratação de medalhões, limitamos o teto para R$ 50 mil reais por jogador, ninguém ganha mais do que isso” garante Sérgio.
Outra atitude que ajudou a fechar as torneiras foi polêmica. “Nós não negociamos mais com empresários, somente diretamente com jogadores, não pago comissão alguma aos empresários. Quem quiser colocar atleta aqui que receba por outras vias, como do próprio atleta, o Goiás não faz isso”, diz.
E isso não é só um discurso. No balanço de 2014, o Goiás tinha 52 jogadores sob contrato, e 39 deles tinham 100% dos direitos federativos pertencendo ao clube, incluido a maior joia do time, o atacante Erik
O time do Centro-Oeste não coloca a mão no bolso nem quando traz alguém por empréstimo. “Jogadores que nos são cedidos, fixamos o valor da compra deles, caso tenhamos interesse e colocamos um direito de vitrine de 30 %. Por exemplo, quando recebemos um jogador por empréstimo, nós não pagamos nada e ainda temos direito a receber uma parcela numa futura negociação”, diz.
Dentro de campo, o campeão goiano deste ano, passou a apostar nos atletas formados em casa. “Os jogadores da base são 100 % nossos, com exceção daqueles que vieram de outras equipes e que temos parceria, porque eles têm direito como clube formador também a um percentual de 10% a 20 %”.
Mesmo com as medidas austeras, o clube sofre para equilibrar as contas, e para isso, irá apelar para a venda de seus atletas no meio do ano. “Todos os jogadores do Goiás são negociáveis, claro que pelo valor que nós estipularmos. Precisa ser bom para o cube e o atleta. Temos oito garotos no time principal, somos um time formador oficial pela CBF, porque temos um estrutura fantástica”, garante.
Com isso, o atacante Erik, uma das revelações do Campeonato Brasleiro de 2014, deve sair na janela de transferências.
“As propostas que vieram não preenchiam nossos requisito, mas no momento estamos fazendo um estudo mais aprofundado com clubes da Europa, com a janela do meio de ano eu tenho a impressão que virá algo mais concreto”, se conforma. O presidente garante que com estas medidas consegue cumprir rigorosamente todas as obrigações, incluindo os salários, que estão em dia.
Após conseguir a certidão negativa de dívidas, o clube esperava conseguir um patrocínio da Caixa Econômica Federal, o que não veio. “Nós podemos ter qualquer grande patrocinador que tenha isso como exigência. Para nosso espanto, eles nos prometeram que assim que zerássemos isso, há dois anos, que nos patrocinaria. Até o momento isso não veio, estamos muito decepcionados. Infelizmente, acho que não vai dar certo, estou esperando umas situações para fazer um pronunciamento contundente. Foi um balde de água gelada que jogaram no Goiás”, reclama.
Mesmo na parte de cima da tabela do nacional, Sérgio continua realista com a sua campanha. “É um começo de campeonato muito bom, mas claro que isso não me ilude. Temos muito trabalho pela frente”, analisa.