O Comitê de Reformas do Futebol Brasileiro anunciou nesta quinta-feira (9) importantes avanços, após reunião na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Os 18 membros do Comitê aprovaram o Código de Ética do Futebol Brasileiro, o novo calendário, um plano de ação para o futebol feminino e uma metodologia oficial da CBF de ensino do futebol para crianças.
Um dos integrantes do Comitê de Reformas é o potiguar Felipe Augusto Leite, atual Presidente da FENAPAF e do SAFERN, na ocasião ambas as entidades estiveram representadas pelo mesmo.
– Em menos de quatro meses de existência, o Comitê de Reformas apresenta uma série de medidas fundamentais, reafirmando o nosso compromisso com a adoção de boas práticas de gestão. É só com planejamento e profissionalismo que faremos o futebol brasileiro avançar – afirma Rogério Caboclo, diretor executivo de Gestão da CBF.
O Código de Ética valerá para dirigentes da CBF, das 27 federações estaduais e dos clubes nacionais, além de jogadores, árbitros e outros profissionais ligados ao futebol no Brasil. Levantamento da ONG Transparência Internacional feito em 2015 revelou que apenas 50 de 209 federações nacionais de futebol possuem Código de Ética.
– O Código de Ética é fruto de um processo de modernização do futebol brasileiro, liderado pela CBF, que vem adotando novos instrumentos de boa governança e transparência. Nesse sentido, o Comitê de Reformas tem sido um espaço importante para garantir que todos os envolvidos com o futebol tenham voz, seja participando diretamente dos grupos de trabalho ou compartilhando sugestões e opiniões pelo nosso site – explica Walter Feldman, secretário geral da CBF e presidente do Comitê de Reformas.
O documento prevê a criação de uma Comissão de Ética nos moldes da que existe na FIFA, com uma Câmara de Investigação e uma Câmara de Tomada de Decisão. O texto foi elaborado por um grupo de trabalho com nove integrantes, sob a coordenação do presidente do STJD Caio César Vieira Rocha.
O Código de Ética prevê punições para quem desrespeitá-lo. As penas podem ser advertência, multa de até R$ 500 mil, suspensão de até 10 anos, demissão por justa causa, trabalho comunitário, proibição de acesso aos estádios por até 10 anos e proibição de participar de qualquer atividade relacionada ao futebol também por até 10 anos.
Agora, o Código de Ética segue para a aprovação da Assembleia Geral para então entrar em vigor. Depois, será formada uma Comissão de Ética, assim como será criado um site para o recebimento de denúncias.
Novo calendário do futebol brasileiro
O Comitê de Reformas também aprovou o novo calendário do futebol brasileiro, intensamente debatido e elaborado por um grupo de trabalho com 21 integrantes, sob a coordenação dos campeões mundiais Carlos Alberto Torres, Ricardo Rocha, Edmílson e Carlos Alberto Parreira. As mudanças entram em vigor em 2017. Foi o tema que mais recebeu sugestões no site do Comitê de Reformas, com 49% do total.
Um dos avanços é a flexibilização do número de datas dos campeonatos estaduais para adequação das copas regionais. Os estaduais terão uma redução do número máximo de datas, que cai de 19 para 18, embora a média deva ficar em 16 datas na maioria do país. Assim, os regionais terão até oito datas garantidas.
Outra conquista é a paralisação do calendário em datas FIFA, sem a realização de partidas de campeonatos da CBF nos dias anteriores e posteriores às partidas da Seleções nacionais. Na prática, essa mudança acarretará em duas pausas de 13 dias, nos meses de setembro e outubro.
No ano que vem, o Campeonato Brasileiro terá uma redução de 11 para nove datas de jogos em meio de semana. Essa mudança permitirá que os clubes tenham mais tempo para trabalhar aspectos técnicos e táticos, além de garantir um maior período de recuperação aos atletas.
O novo calendário manteve conquistas importantes como as férias anuais de 30 dias e a pré-temporada de 25 dias.
O grupo de trabalho seguirá suas atividades com a elaboração de um plano de quatro anos para novos aperfeiçoamentos do calendário do futebol profissional, além de estudos sobre possíveis mudanças também para as categorias de base.
Futebol feminino tem 11 medidas
Um dos temas mais amplos debatidos pelo Comitê de Reformas, o Futebol Feminino teve aprovada uma primeira onda de ações a serem realizadas nos curto e médio prazos. São 11 medidas, divididas em quatro grandes temas: Desenvolvimento, Competições, Seleções e Marketing.
Sob a liderança da integrante da Escola Nacional de Arbitragem, Ana Paula Oliveira, e da jogadora Formiga, o grupo de trabalho do Futebol Feminino é composto por 21 integrantes, incluindo nomes como Marco Aurélio Cunha, coordenador de futebol feminino da CBF, Lorena Soto, gerente de Desenvolvimento do Futebol Feminino da Conmebol, e Mayi Blanco, gerente sênior de Desenvolvimento do Futebol Feminino na FIFA.
A CBF agora vai analisar a implementação das medidas aprovadas.
Uma metodologia social
Também foi aprovada a metodologia “Paixão Nacional”, projeto desenvolvido no grupo de trabalho CBF Social. Trata-se de uma metodologia oficial da CBF de ensino do futebol para crianças e adolescentes matriculados no ensino público ou particular, além de escolinhas e projetos sociais.
A metodologia é baseada na essência do futebol brasileiro, com valores inspirados nos títulos mundiais da Seleção Brasileira: Equilíbrio (1958), Criatividade (1962), Responsabilidade (1970), Comprometimento (1994) e Confiança (2002), além do Fair Play.
Os alunos vão aprender fundamentos como passe, chute, condução e drible, entre outros. De acordo com a faixa etária, participarão de partidas com número reduzido de jogadores em cada time – dois contra dois, três contra três, e assim por diante. Esses formatos contarão com regras adaptadas, já aprovadas pela Comissão e pela Escola Nacional de Arbitragem.
O primeiro passo será oferecer cursos de capacitação para professores de educação física, ex-jogadores e outros profissionais que atuem em escolinhas de futebol ou projetos sociais. O projeto piloto será implantado nas escolas públicas de Goiás, em uma parceria da CBF com o Governo do estado.
O objetivo final é a nova metodologia de ensino do futebol seja incorporada ao currículo de Educação Física das escolas brasileiras.
Comitê de Reformas
O Comitê de Reformas foi instaurado no dia 18 de fevereiro deste ano e logo criou cinco grupos de trabalho: Código de Ética, Reforma do Estatuto, Licenciamento e Registro, Calendário do Futebol e Futebol Feminino. Depois, também surgiu o grupo CBF Social. Mais recentemente, foram aprovados dois novos temas: Categoria de Base e Internacionalização do Futebol, que teve sua primeira reunião hoje. Na reunião de hoje ficou decidida a criação também do Grupo de Trabalho para Direitos dos Atletas. Até o momento, já foram realizadas seis reuniões do Comitê de Reformas e mais 17 dos grupos de trabalho.
Fonte: CBF
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