Paulistano, Fabiano Bolla Lora tem no Clube do Remo seu 14º time em 20 anos de carreira. Com tanto tempo de estrada, o goleiro de 37 anos acumulou muita história. Em dois clubes do Nordeste, em especial, o Fortaleza-CE e o América-RN, este principalmente, teve dias de ídolo. Fabiano está no Baenão desde 2013, ano em que foi impecável. Em 2014 ele teve oscilações, quando chegou, inclusive, a perder a condição de titular. Mas se recuperou e terminou o ano em alta. A temporada começa com mais sombras em seu encalço. O clube contratou César Luz para a posição e deve trazer mais um arqueiro. Segundo ele, uma das explicações para esse período já prolongado no Remo é a relação que tem com a cidade.
Fabiano revela que antes de vir, foi alertado por amigos que encontraria uma cidade ruim de morar, sem boas opções para se divertir e passear. O que viu depois, conta, foi totalmente diferente. “As informações que tinha antes de vir não era das melhores. Mas, o que vi foi um cenário totalmente diferente do que me foi pintado. Moro num apartamento legal, todos os lugares que fui eu gostei, tem muita coisa legal na cidade e nos adaptamos muito bem aqui. Se não tivesse gostado, Não estaria indo para eu terceiro ano aqui”.
O goleiro lembra que em 2013, quando o Leão ficou quase todo o segundo semestre sem jogos oficiais, a adaptação dele e da família a Belém ajudaram a superar a frustração profissional pelo Remo não ter calendário. “Nos momentos mais difíceis do clube, sem calendário, sem jogos, fiquei por dois motivos. Primeiro pelo ambiente aqui no Remo, que gosto muito. Segundo pela adaptação da minha família na cidade. A gente pretende permanecer aqui por um bom tempo”.
A relação profissional, inclusive, rendeu-lhe uma relação pra lá de amistosa com os rivais. Fabiano conta que nunca sofreu qualquer tipo de represálias por parte de torcedores bicolores. Pelo contrário, todos os contatos foram tranquilos. “O engraçado que o respeito que demonstro pela minha torcida e pela rival tem um reconhecimento nas ruas. Nunca um torcedor do Paysandu me faltou com respeito, foi ríspido comigo. Sempre com respeito, enquanto que a torcida do Remo sempre me abraçou. Isso contou muito nessa adaptação rápida”.
Bom ambiente de trabalho, família feliz na cidade, boas opções de passeios, mas… e quanto à culinária? O jogador confessa que nem tudo que provou caiu no seu gosto. Mas a maior parte das comidas locais faz parte de seu cardápio hoje em dia. “Experimentei de tudo. Gostei de umas coisas, outras não”, admite. “Gosto de arroz de jambu, dos peixes, do camarão, da variedade. Açaí, então, nem se fala. Hoje em dia só tomo açaí aqui. Vou a São Paulo e nem penso em tomar açaí lá. Minha filha adora tacacá. Eu tenho que aproveitar essa cultura totalmente diferente da que fui criado. Meus pais, meus sogros vêm para cá. A gente atravessa o rio para ir aos restaurantes do outro lado da cidade (na ilha do Combu). Eu gosto muito e recomendo”, completa Fabiano.
E quanto ao adeus? O jogador revela que não pensa nisso, por enquanto. Os planos para a aposentadoria do futebol começam a ser traçados desde que se faz 30 anos. Para ele, pode ser que a família tenha encontrado um porto seguro. “Primeiro, não quero deixar Belém. Se um dia isso acontecer, vou levar o carinho da população. Isso nunca vai sair do meu coração, a forma como eu e minha família fomos recebidos aqui. Mas, a intenção não é sair, não”.
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