Seis times disputaram a elite do futebol em Pernambuco, mas não tiveram a oportunidade de enfrentar os “grandes”. É o único estadual do país em que aqueles considerados “pequenos” não têm a oportunidade de enfrentar pelo menos uma equipe tradicional. A renda total das 30 partidas destes clubes é quase três vezes menor que o lucro líquido médio de cada um dos jogos daqueles que conquistaram o direito de receber duelos contra Sport, Santa Cruz e Náutico. Públicos ruins e prejuízos financeiros para todos os participantes foram as marcas do Hexagonal da Permanência do Campeonato Pernambucano.
A fórmula separatista do estadual é motivo de muita discussão entre as equipes. A primeira fase é dividida em dois grupos compostos apenas pelos “pequenos”. O líder de cada chave se classifica para o Hexagonal do Título – quando finalmente entram no torneio Sport, Santa Cruz, Náutico e Salgueiro – enquanto todos os times restantes da elite estadual disputam o Hexagonal da Permanência. Os dois últimos colocados caem para a Série A2 do Pernambucano.
O único fator permanente em todas as rodadas da Permanência foi o estádio vazio. De acordo com os borderôs divulgados no site da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), o público total das 30 partidas realizadas foi de 7.135 torcedores, com uma média de aproximadamente 238 presentes por jogo. O maior público foi de 538 torcedores, na partida entre Belo Jardim e Porto, pela nona rodada. Enquanto o menor aconteceu na abertura da fase, onde apenas 29 torcedores acompanharam Vitória-PE e Porto-PE.
Os lucros também ficaram aquém. A soma das rendas líquidas das partidas chegam a pouco mais de R$ 18 mil. Com ingresso variando entre R$ 3 e R$ 20, a maior renda líquida foi de R$ 2.696, no duelo entre Belo Jardim e Pesqueira, pela sexta rodada. O maior prejuízo foi do “campeão simbólico” Atlético-PE, que teve déficit de R$ 247 no jogo contra o Pesqueira, pela segunda rodada.
Já as equipes de menor porte que disputaram o Hexagonal do Título – América-PE, Central e Salgueiro – tiveram rendas e públicos bem superiores quando foram mandantes contra os grandes. Com cinco partidas realizadas, até o momento, pelos pequenos nos próprios domínios, o menor número de torcedores foi no jogo entre Salgueiro e Sport, pela primeira rodada, com apenas 3.081 pessoas. O maior foi no jogo entre Central e Náutico, pela segunda rodada, quando 5.086 assistiram ao duelo. A média da receita dos pequenos em casa foi de mais de R$ 51 mil. A maior renda foi no jogo entre Central e Sport, pela terceira rodada, R$ 82.355,95 e a menor foi de R$ 13.660,84, também no confronto entre Salgueiro e Sport.
Os Clubes
As equipes que lutam para sobreviver na elite não têm a oportunidade de enfrentar um dos grandes. O Pesqueira, por exemplo, rebaixado neste ano, passou quatro anos consecutivos na primeira divisão e nunca enfrentou um dos considerados grandes no Estádio Joaquim de Britto. A média de público da Águia do Agreste em casa foi de apenas 316 torcedores.
O presidente do Pesqueira, Whênio Thiago, reclama do sistema de disputa e diz que se os grandes fossem jogar no interior a realidade seria outra.
– O torcedor espera os clubes das capital. Nosso estádio comporta 3.600 pessoas, com certeza nós íamos ter mais torcedores. Temos menos equipes que outros campeonatos e não enfrentamos os grandes. O patrocinador sumiu, a visibilidade é zero. Não vão patrocinar um campeonato sem grandes e sem televisão. O aperto é grande. O Pesqueira votou contra o regulamento.
O técnico do Serra Talhada, Pedro Manta, se mostrou insatisfeito durante a competição e disparou contra a fórmula do campeonato.
– É uma competição que jogamos com um revólver na cabeça, com o emocional para todo mundo. É difícil para todo mundo. Fazer um campeonato com esse tipo de proposta é complicado.
Campeão simbólico do Hexagonal da Permanência, o Atlético-PE disputou cinco jogos em casa, no Estádio Paulo Petribu. Mesmo com a boa campanha, três das cinco partidas deram prejuízo. De acordo com Lucas Lisboa, dirigente do Tatu-bola, a maioria das rendas dos jogos não cobria os custos dos confrontos.