Foram praticamente dois jogos de 45 minutos cada um. Mas o torcedor nem vai querer saber disso, afinal o Santa Cruz venceu o Flamengo, de virada, por 3×1, no Arruda e venceu a segunda edição da Taça Chico Science. Ainda é impossível cravar que o time para a Série A vai ter dificuldade ou facilidade, mas o que demonstrou para o início de temporada, é que o preparo físico está em dia. Em alguns momentos no primeiro tempo, o time titular teve dificuldade no meio de campo, principalmente Daniel Costa, vítima fácil da marcação carioca.
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O Santa Cruz começou o jogo querendo correr mais que a bola. Lançava longo para Grafite, sempre bem marcado ou para Daniel Costa, que não tem velocidade. Diante disso, o Flamengo preferiu estudar o adversário, quase como fazem aqueles boxeadores que entram no ringue para vencer por pontos – se o adversário vacilar, nocauteiam. De chutão em chutão, a bola não chegou em lugar nenhum. O Flamengo rodava a bola de um lado para o outro, evitando o desgaste.
Só ia para o ataque quando os corais erravam. E à medida que o tempo foi passando, os erros começaram a chegar. João Paulo deu dois contra-ataques aos rivais. Raniel tinha a missão de atacar pelo lado direito e ajudar na marcação sem a bola. Não se colocou na linha de passe e levou um passeio de Jorge. Vamos ser justo e dar o desconto a Lelê o único a tentar alguma coisa.
Nessa caminhada, o gol carioca era questão de tempo. E ele saiu aos 22. Guerrero dividiu com Wellington Cézar e levou a melhor. Enquanto os tricolores reclamavam falta, os rubro-negros seguiam. Ele tocou para William Arão, que tentou por baixo de Tiago Cardoso e teve que correr para empurrar de carrinho e fazer 1×0. A dificuldade na criação dos corais era tão grande que o melhor que o Santa fez foi construído por Tiago. Ele deu um munhecaço aos 32 que foi bater além da linha divisória. Lelê avançou e rolou para João Paulo completar. Muralha defendeu parcialmente e no rebote Raniel carimbou Rodinei.
Com um pouco mais de liberdade o Santa foi à frente e chegou ao empate com os pés de Grafite, que até então não tinha sequer esboçado alguma coisa, quanto mais escrito. Ele protegeu a bola na frente de Juan e foi agarrado pelo zagueiro. O árbitro marcou pênalti e o próprio Grafite mandou no canto direito para deixar tudo igual.
SEGUNDO TEMPO
O Santa Cruz voltou com seis alterações para o segundo tempo e o Flamengo manteve apenas o goleiro Alex Muralha. Times considerados reservas tendem a correr mais para mostrar serviço. Só que o Santa tinha seu misto mais ajustado e adiantou a marcação. Os reservas do Fla, visivelmente desentrosados sofreram e nem demoraram muito para abrir o bico. Aos sete minutos, Arthur ganhou de Jonas e mandou na trave. No rebote, João Paulo chegou sem marcação apenas com o trabalho de empurrar para o gol vazio.
A queda de rendimento da partida foi inevitável. Mas aí, azar do Flamengo, que estava no prejuízo. Os suplentes do Santa ainda fizeram partes dos jogos-treinos e acertavam mais passes em sequência que os rivais do Sudeste. Ainda assim era perfeitamente perceptível o banho de água fria na torcida – que aliás merecia um, literalmente, tamanho o calor. O murmúrio das arquibancadas no primeiro tempo a cada investida de um lado e de outro, deu lugar a silêncios entremeados por muxoxos de enfado.
Como organização coletiva era sofrida, alguns tentavam individualizar. Quem deixou uma boa impressão foi o atacante Arthur. Procurou jogar próximo ao centroavante Wallyson e tem boa visão de jogo no setor ofensivo. A julgar pela apatia de Raniel, é um sério candidato a uma vaga no ataque. Para coroar, ele aproveitou um cruzamento de Wallyson aos 46 minutos e acertou uma bomba no canto direito, garantindo a vitória, por 3×1.
Ficha do jogo:
Santa Cruz: Tiago Cardoso (Edson Kolln); Vitor (Lucas Ramon), Alemão (Neris), Danny Morais (Everton Sena) e Allan Vieira (Tiago Costa); Wellington Cézar (Dedé), Daniel Costa (Renatinho) e João Paulo; Lelê (Wallyson), Raniel (Arthur) e Grafite (Keno). Técnico: Marcelo Martelotte.
Flamengo: Alex Muralha; Rodinei (Pará), Wallace (César Martins), Juan (Antônio Carlos) e Jorge (Chiquinho); Márcio Araújo (Jonas), Willian Arão (Canteros), Gabriel (Mancuello) e Everton (Alan Patrick); Emerson (Thiago Santos) (Jajá) e Paolo Guerreiro (Bagio). Técnico: Muricy Ramalho.
Local: Estádio do Arruda. Árbitro: Gilberto Castro Júnior. Assistentes: Charles Rosas e Aldir Pereira. Gols: William Arão, aos 22; e Grafite, aos 44 do primeiro. João Paulo, aos sete e Arthur, aos 46 do segundo.Cartões amarelos: Sheik, Canteros, Danny Morais e Lelê. Público: 15.858. Renda: R$ 264.570.